domingo, 6 de fevereiro de 2011

Viver autenticamente. Se deixar amar!

Não sei se gosto do avanço tecnológico em geral. Sei da sua importância para a saúde, para a economia, para diferentes áreas. Mas esse avanço criou, também, uma nova forma de relação. Uma nova forma das pessoas interagirem. Essa forma está cada vez mais artificial e tem como cenário principal o medo de se expor.
Ninguém confia em ninguém. Todos se protegem. Todos se escondem. Há uma luta constante entre todos, em todas as relações. As pessoas competem em tudo e magoam o outro com tanta facilidade para se proteger que, dessa forma, transforma o outro em algo inanimado, sem sentimento. Sendo assim, é muito mais tranquilo e conveniente se isentar de culpa. Na realidade se pensa: "que vá resolver suas neuras em outro canto. Eu não tenho nada a ver com isso. Você é louco, desequilibrado e etc etc".

O que quero dizer que se expressar, ter sentimentos, se sentir ferido e não ter vergonha de dizer, hoje em dia, é sinônimo de loucura e não de autenticidade. Nesse " mundo ideal", o correto é se esconder e criar uma muralha em torno de si para que todos pensem que somos centrados, equilibrados e controladores de nossas vidas.
Eu não sei se quero viver em um mundo assim! Em um mundo que tenho que me proteger constantemente.
Peraí... não vou acabar com a minha vida!! De jeito nenhum. Eu amo a vida. Quero mais é viver muito! Aqueles que me curtem -- eu sei que têm muitos -- fiquem tranquilos, eu ainda vou viver muito, se a natureza permitir e deixar.
Em poucos anos (quatro), farei meio século. Parece tanto! Mas é tão pouco pra se aprender, pra se conhecer. E eu ainda me sinto com tanta vida para ser vivida, tanto amor pra dar e receber...
Recentemente, vivi um grande caso de amor... alguém longe em quilômetros, mas tão perto do meu coração, que até hoje fico emocionada. Me apaixonei por um sorriso largo, por um olhar de menino por trás de um homem maduro, por um gesto simples. Eu quis tanto esse homem, que não hesitei em lutar por ele... apesar do mundo e suas regras gritarem que não! Não me preocupei com isso e fui agraciada por um puro amor. Daqueles que você só vive uma vez...
Com ele, pude ser eu. Ser neurótica. Ser impulsiva. Ser verdadeira. Ser inconstante. Ser intempestiva, mesmo sem necessidade. Não precisei me esconder. Não precisei me embebedar. Não precisei me odiar. Não precisei me adequar. Só vivi e deixei viver.
Houve dias confusos. Houve dias de paz, de tormenta e de dúvidas... viver é isso. Mas quando nos olhávamos, nos enxergávamos de verdade. E o nosso mundo se transformava e deixávamos a vida acontecer, sem medo de se expor, de nos desvelar... E assim, acalmávamos a nossa pressa e encontrávamos um sossego indescritível. Me sentia perfeita e profundamente desejada. Nunca me preocupei com o que acontecia na vida dele quando nos separávamos, porque sabia que quando ele estava comigo, realmente era comigo que estava e eu idem. Era como se o mundo lá fora não existisse. Não havia nada, além de nós dois. O mundo lá fora era apenas uma miragem.
Vivemos tudo o que foi possível. Estamos em um processo de stand by.
Por isso, só quero ao meu lado pessoas com as quais eu possa ser eu sem medo de ser julgada. Quero me cercar apenas de quem me interessa. Pessoas que despertem o meu lado bom e não o ruim -- porque todos temos. Não quero distância. Quero proximidade. Pessoas distantes me assustam, me causam medo, me tiram o chão, me ferem (mesmo sem querer). Eu preciso de autenticidade. Preciso de paixão. Preciso de desejo verdadeiro e não esse artificial vendido em folhetins baratos embrulhados em papel de seda.
O amor, o desejar, a paixão não são comprometimentos com o outro, mas com nós mesmos!
Devemos ter o compromisso de deixar essas sentimentos nos atingirem e permitir que o outro sinta isso por nós, sem agressão por medo de comprometimento ou de se precisar retribuir.
É amar e se deixar amar, desejar e apaixonar!
Só isso!

(texto inspirado em um amor e em um desamor)

Um comentário:

  1. Nossa, este seu texto lembrou-me minha ex-namorada, que foi o mesmo caso. Quilômetros de distância, um amor profundo, mas que se foi... Ah, que nostalgia...
    Belo texto Teca!

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